menina

“Ela é uma moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso. Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete lilás, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.”

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Saudades


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,eu sinto saudades.Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei.Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,do penúltimo e daqueles que ainda vou ter se Deus quiser.Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro.


Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser.Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei.De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito.


Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre.

Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive, mas quis muito ter.Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram.Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências. Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...não sei onde...para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi.



Clarice Lispector

1 comentário:

Obrigada por espalhar a sua doçura por ak.

Valéria